23 de julho de 2015

Jardim


Ela destrancou a porta, abriu apenas um pouco, e entrou pela brecha. Esguia, e sem fazer barulho. De leve, e sem pressa. Pela fresta, e sem ver, tateou. E quando achou, agarrou firme, e me tomou em sua mão. E eu, rígido, suspirei, não com medo, mas ansioso. Meio nervoso – Ela sempre me deixava assim – Eu ainda meio sem jeito, só aparentava ser safado. Sorri um sorriso de canto com o olhar baixo, daqueles que deixa a gente com cara de cafajeste, e ela me retribuiu com uma mordiscada no lábio, um olhar fixo no meu e que rapidamente também flertou com o que ela queria e uma rápida ajeitada no cabelo, tudo tão mais safados que me fizeram parecer um garoto ingênuo. E veio até o meu ouvido, e em sussurro me pediu, em um leve tom de ordem para que fechasse os olhos e aproveitasse. E eu fechei-os. E eles se reviraram quando ela me pôs em sua boca. E eu me controlei para que aquilo durasse mais tempo! Eu me contorci de tão gostosa sensação! Pulsei, palpitei! Meu corpo ardeu em desejo. Havia horas em que eu ficava com o corpo meio cambaleante, quase sem forças, e outras que eu me contraia todo, que chegava a cerrar os punhos, ranger os dentes. E com paciência ela foi até o fim. Até provar completamente de mim. E disse que seria somente aquilo por hora. Se foi, dizendo que era, ainda, apenas visita em meu peito, que quando quisesse casa, se demoraria, talvez até namoraria, pra morar no meu leito. Ainda brincou, falando sobre um desejo de me acordar sempre assim desse jeito. Me deixou assim cheio de desejo a flor da pele. Me sinto um jardim... Quando voltar, vai colher o tesão que plantou. -                                                            
 Por. Samuel Auerbach