O tempo me consumia, tomava de mim todas as minhas energias, me
sentia cansada, fraca, destruída. É... o tempo exerce esse poder sobre
mim quando você não esta por perto. E assim, nesta forma desprezível,
rastejei sobre os espaços de horas, até que o tempo consumiu a si
próprio sem perceber que embora tivesse sido longa a espera, logo ele
me faria forte por não ser mais o tempo da espera. Conforme eu ia
rasurando os números no calendário, e com isso dissimulando o tempo e
fazendo-o acreditar em minha derrota, eu no meu estado caótico, ia,
contudo somando, juntando, multiplicando as minhas forças
disfarçadamente. E no ultimo dia, no dia marcado pelo tempo como o fim,
eis que levanto-me, suja, marcada pelos estragos da distancia e embora
não estivesse aparentemente apresentável, te vi e sorri! Passei as mãos
sobre o rosto, borrei lágrimas, pó e restos de rímel formando em minha
face um abstrato de sofrimento, uma tela de sentimentos e ainda que
formada pelas minhas palmas, foram tecidas por ti. Pela tua falta, pela
tua ausência, pelo sentimento que plantará em mim. E você por sua vez,
me fez mais uma vez, como todas as demais vezes, me sentir
ÚNICA. Viu
por trás do cansaço, da dor, do sofrimento, da espera, o que ninguém no
mundo seria capaz de ver. Você, só você, você e a sua capacidade de
entender em mim, o que nem mesmo eu sou capaz de explicar, conseguiu
enxergar o sorriso empoeirado, a emoção incontida, a verdade que só
mente seus olhos são capazes de decifrar em mim. E num repente, sem
medidas ou noções de lugares ou tempos, findamos a saudade em um beijo,
fazendo de nossas carnes, refeição um do outro, transformando o estado
deplorável da falta que nos encontrávamos em um ato absurdo, ofensivo,
obsceno momento de selvageria. Esquecendo-nos das promessas de amor,
profetizando juras carnais e promiscuas. Nos agredimos, nos machucamos,
nos ofendemos, somos loucos, bizarros, somos um do outro. Nos
pertencemos sem vergonha de expor até mesmo o nosso lado mais negro.
Putaria, sexo, baixaria, nossa forma de matar a saudade, acabar com a vontade e mostrar o quanto somos maiores que tudo, que todos.
Fodemos, Trepamos,
e embora cansados, nos olhamos. E sem dizer nada o olhar diz “te amo" e num beijo terno e demorado, as línguas se cruzavam
contando tudo que havia se passado enquanto estávamos separados. E
mais uma vez os corpos clamam um ao outro e depois de tudo, começamos
tudo esquecendo o quanto estávamos cansados, começamos tudo de novo.
Por. Bell.B