30 de novembro de 2012

Unica

 O tempo me consumia, tomava de mim todas as minhas energias, me sentia cansada, fraca, destruída. É... o tempo exerce esse poder sobre mim quando você não esta por perto. E assim, nesta forma desprezível, rastejei sobre os espaços de horas, até que o tempo consumiu a si próprio sem perceber que embora tivesse sido longa a espera, logo ele me faria forte por não ser mais o tempo da espera. Conforme eu ia rasurando os números no calendário, e com isso dissimulando o tempo e fazendo-o acreditar em minha derrota, eu no meu estado caótico, ia, contudo somando, juntando, multiplicando as minhas forças disfarçadamente. E no ultimo dia, no dia marcado pelo tempo como o fim, eis que levanto-me, suja, marcada pelos estragos da distancia e embora não estivesse aparentemente apresentável, te vi e sorri! Passei as mãos sobre o rosto, borrei lágrimas, pó e restos de rímel formando em minha face um abstrato de sofrimento, uma tela de sentimentos e ainda que formada pelas minhas palmas, foram tecidas por ti. Pela tua falta, pela tua ausência, pelo sentimento que plantará em mim. E você por sua vez, me fez mais uma vez, como todas as demais vezes, me sentir ÚNICA. Viu por trás do cansaço, da dor, do sofrimento, da espera, o que ninguém no mundo seria capaz de ver. Você, só você, você e a sua capacidade de entender em mim, o que nem mesmo eu sou capaz de explicar, conseguiu enxergar o sorriso empoeirado, a emoção incontida, a verdade que só mente seus olhos são capazes de decifrar em mim. E num repente, sem medidas ou noções de lugares ou tempos, findamos a saudade em um beijo, fazendo de nossas carnes, refeição um do outro, transformando o estado deplorável da falta que nos encontrávamos em um ato absurdo, ofensivo, obsceno momento de selvageria. Esquecendo-nos das promessas de amor, profetizando juras carnais e promiscuas. Nos agredimos, nos machucamos, nos ofendemos, somos loucos, bizarros, somos um do outro. Nos pertencemos sem vergonha de expor até mesmo o nosso lado mais negro. Putaria, sexo, baixaria, nossa forma de matar a saudade, acabar com a vontade e mostrar o quanto somos maiores que tudo, que todos. Fodemos, Trepamos, e embora cansados, nos olhamos. E sem dizer nada o olhar diz “te amo" e num beijo terno e demorado, as línguas se cruzavam contando tudo que havia se passado enquanto estávamos separados. E mais uma vez os corpos clamam um ao outro e depois de tudo, começamos tudo esquecendo o quanto estávamos cansados, começamos tudo de novo.                                      
  Por. Bell.B